Blog da Laura Peruchi – Tudo sobre Nova York

O fim de ano vai chegando e, com ele, sempre rola aquele sentimento de nostalgia, de análise e de reflexão. É incrível como datas especiais mexem conosco, né? É óbvio que a gente também fica sentimental no nosso aniversário ou no Dia das Mães, por exemplo, mas acho que as festas de fim de ano sempre acabam tendo um significado mais forte para as pessoas. São ciclos se fechando e, por mais que estejamos exaustos, esse período acaba trazendo aquele sentimento de renovação, de que é possível tentar novamente, fazer de outro jeito… Natal sempre foi a minha data preferida – e tenho a impressão de que vai ser por muito tempo. Porém, vocês devem imaginar, morar no exterior te expõe a uma outra cultura, a um outro idioma e, caso você se permita, pode ser muito bacana conhecer mais a respeito dos costumes do local onde você vive,

A essa altura, vocês já devem imaginar onde eu queria chegar: no Thanksgiving, comemorado hoje por aqui. É engraçado e curioso: eu consigo enxergar a minha evolução aqui analisando como eu passei esse feriado a cada ano. Lembro que em 2014, a primeira vez, não fizemos nada de especial. Foi um dia de folga, de dormir até tarde e de descansar. Comemoração zero. No outro dia, encaramos a Black Friday – a famosa sexta de promoções (e que talvez seja o motivo de muita gente saber sobre o Thanksgiving). Ano passado, celebramos na casa de uma amiga querida demais – que infelizmente voltou para o Brasil. Comemos peru – mas também comemos um risoto – bebemos, conversamos e tivemos uma dia informal e muito gostoso. Agora, escrevo este post exatamente 1:20 da manhã – tudo porque passei o dia em função da data, já que amanhã é a nossa vez de receber nossos amigos em nossa casa,  num almoço que nós estamos oferecendo. Apesar de a gente ter se programado há um tempinho – incluindo uma pastinha de receitas no Pinterest – algumas coisas, como tudo na vida, não saem como o planejado. O protagonista da festa – o peru – foi o que mais nos deu dor de cabeça. Encomendamos com antecedência – porque eu não queria me arriscar assando uma ave como essa, achei melhor pegar pronto e só fazer os acompanhamentos. Mas hoje, vejam bem, só hoje, véspera da data, totalmente por acaso (porque tive que alterar a reserva) eu descobri que o peru vinha cru! Pensem numa pessoa desesperada! E não me entendam mal, eu amo cozinhar e, particularmente, acho que sou boa cozinheira, hehe, mas um peru? Eita. Além do fato de ter que me preocupar em como preparar e assar o bendito, ainda tinha vários detalhes pra finalizar, umas compras pra fazer muitas coisas pra adiantar para amanhã.

A minha primeira reação poderia ter sido reclamar, ficar frustrada, achar ruim. Mas, no fim das contas, eu e Thiago nos divertimos tanto preparando que eu vou lembrar dessa data sempre com carinho. E hoje, andando pra lá e pra cá – e já pensando neste texto para o blog – eu me peguei pensando no significado do Thanksgiving. Que nada mais é do que ser grato. E enquanto eu procurava um termômetro pro peru e mais um monte de coisas, eu decidi pensar em como eu sou grata. Que bom que eu tenho uma casa bacana para receber as pessoas, que bom que eu tenho amigos queridos que vão estar conosco amanhã, que bom que temos condições de organizar um almoço desse. E isso porque eu estou falando só do dia de hoje…

Afinal de contas, acho que tenho muito mais motivos para ser grata. Eu moro numa das cidades mais legais do mundo, uma cidade que me ensinou tanto e me inspira todos os dias e fez eu me reinventar. Uma cidade onde todo mundo pode ser o que quiser, uma cidade que é literalmente a esquina do mundo, que atrai gente de todas as idades, culturas, religiões e nacionalidades. Uma cidade que me faz rir, refletir, chorar, sentir saudades. Uma cidade que hoje, pela primeira vez em três anos, fez eu dizer pra todo mundo: Happy Thanksgiving! Essa mesma cidade é minha pauta de todos os dias e que, mesmo longe do Brasil, fez eu me conectar com tanta gente de lá que tem o sonho de visitar essa cidade. E essas mesmas pessoas, talvez não sabendo, praticam esse sentimento de gratidão todos os dias, quando elas me agradecem uma dica, quando relatam para mim o que fizeram na cidade, quando me mostram a promoção que aproveitaram…

Esse ano de 2016 marcou muita coisa. Eu me sinto muito mais segura e confiante e as minhas metas e sonhos estão cada vez mais claros na minha mente – mesmo que às vezes surja um medo, um receio, uma ameaça, porque, afinal, não sou perfeita. Eu também acho que sou um ser humano muito mais evoluído do que eu era há quatro anos em relação a várias causas. O que me faz hoje questionar, problematizar e ser muito mais segura das minhas convicções e do que eu espero para o mundo. E eu sou grata por isso, por eu ter aprendido tanto e por conseguir levantar a cabeça e começar a enxergar o que é realmente um problema e o que não é. Também sou grata por ter uma família que, mesmo de longe, me dá amor, apoio e torce por mim e nunca negarem fazer mais do que está ao alcance deles para ajudar, em qualquer coisa. E por ter amigas, que, perto ou longe, nunca deixaram de acreditar na nossa amizade. E um marido que é um super companheiro.

Poderia ficar aqui até amanhã listando todos os motivos pelos quais eu sou grata, mas eu queria mesmo era deixar essa mensagem para vocês. Vai parecer clichê, vai, mas a verdade é que é muito mais fácil reclamar do que enxergar o outro lado das coisas. Já que essa data tem um significado tão especial – e vocês que me acompanham tem um sentimento de carinho por Nova York – façam esse exercício hoje e pensem nisso: você é grato a que?

Happy Thanksgiving!


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