Blog da Laura Peruchi – Tudo sobre Nova York
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Eczema, dermatite, pele seca? Minha batalha para descobrir o que estava irritando minha pele

Este post foi originalmente escrito em junho de 2022 e atualizado em dezembro de 2022

Começo esse post já na vibe de que: se meu depoimento puder ajudar pelo menos uma pessoa, ficarei feliz. Passei um bom tempo sofrendo com a pele muito irritada, vermelha, craquelada e coçando – mais de dois meses! – até que descobri que tinha alergia a um ingrediente que está presente em muitos produtos que usamos diariamente. Primeiro, achei que era a Methylisothiazolinone (MI) – porém, mais tarde, acabei descobrindo que o ingrediente ao qual sou alérgica chama-se Cinnamal. Neste post, vou compartilhar minha história e como descobri a alergia.

Como tudo começou…

Tenho pele mista e, todo inverno, sofro com as temperaturas geladas de Nova York e, claro, com o sistema de aquecimento. O ar de dentro dos locais fica muito seco e isso muda minha rotina de cuidados com a pele todos os anos – uso muitos e muitos óleos faciais, como o de rosa mosqueta – e também comprei um umidificador enorme para garantir que o ar não fique tão seco. Isso normalmente funcionaria para a minha pele. Mas tudo meio que mudou em janeiro deste ano, depois que voltei de três semanas no Brasil. De repente, meu rosto estava irritado, vermelho e manchado. Ficava muito seco e craquelado – geralmente depois do banho. Parecia pele queimada e parecia que nenhum produto ajudava. Foi bem chato porque nem maquiagem eu podia usar pra disfarçar, já que a pele estava tão seca e a base rapidamente ficava craquelada.

Fiz muita coisa durante esses dois meses. Como uma amante de cuidados com a pele, chequei rapidamente meus produtos e percebi que poderia ser o novo retinol que estava testando. Vi alguns reviews e encontrei alguns depoimentos de pessoas com pele muito sensível e as descrições pareciam muito com o que estava acontecendo na minha pele. Bingo – pensei comigo mesmo. Parei de usar o produto e esperei pelo melhor. E isso é outra coisa confusa sobre o que eu estava passando: por alguns dias, minha pele estava boa e depois estava ruim de novo. E foi o que aconteceu. Daí, percebi que não era o retinol.

Foi preciso muita coragem para compartilhar essas fotos. Aqui dá pra ver como minha pele fica quando eu tenho uma crise.

Daí, um dia, eu estava vendo os stories de uma influenciadora de beleza que eu amo e alguém perguntou a ela sobre como lidar com a pele muito seca e escamosa. “Preciso dessa dica também!”. Ela recomendou um hidratante da First Aid Beauty, o Ultra Repair Cream Intense Hydration – e consegui uma amostra na Sephora, para experimentar antes de comprar um frasco inteiro. É um ótimo hidratante e realmente ajuda a combater o ressecamento – mas não quando você tem, na verdade, outro problema… Ela também recomendou um método chamado “Slugging” que consiste em selar a pele com um agente oclusivo, muitas vezes à base de petrolato (tipo vaselina), durante a noite. Então, eu passei em uma farmácia para pegar um tubo de Aquaphor e eu literalmente aplicava em todo o meu rosto antes de ir para a cama. Mal ajudou. E, claro, eu também usei muita a loção Eucerin – foi uma das únicas coisas que ajudaram a aliviar a sensação horrível que eu tinha quando minha pele estava pegando fogo.

Claro que nesses dois meses também usei muito o Google. Eu tinha certeza de que tinha eczema, então comprei mais e mais tubos de Eucerin. Passava também água termal, porque ajudava muito a aliviar a sensação de rosto queimando. Em algum momento, eu estava esperando o final do inverno para ver se minha pele mudaria com o clima. Sair de casa era chato e constrangedor porque eu estava sempre pegando minha bolsa para reaplicar o protetor labial e um balm para o meu rosto. Alguns dias, eu só queria chorar. Eu finalmente fiquei muito cansada e frustrada de tentar descobrir o problema sozinha e decidi consultar um médico. Acho que você deve estar se perguntando por que não fiz isso antes. Primeiro porque eu realmente pensei que poderia descobrir sozinha. Eu tenho uma amiga que sempre diz que temos que ser nossos defensores da saúde, temos que conhecer nossos corpos e é isso que eu estava tentando fazer. Em segundo lugar, não gosto do sistema de saúde americano – quem me acompanha há um tempo sabe disso. Na maioria das vezes, o sistema aqui está focado em tratar as consequências e não encontrar as causas. Além disso, ainda odeio o fato de que aqui nos EUA você nunca sabe quanto vai pagar por uma consulta médica, mesmo com seguro. Não é justo – mas isso é assunto para outro dia. Depois de finalmente deixar de lado todas os meus poréns com o sistema de saúde americano, procurei um dermatologista em Nova York. As reviews me convenceram sobre esse cara (que não vou citar aqui, porque não importa) e marquei uma consulta que depois me custou quase $300 (isso depois que meu seguro pagou uma parte) e não resolveu meu problema. Era março de 2022 e eu estava lutando há dois meses contra esse problema.

A consulta com o dermato

Claro, minha pele estava ótima no dia da consulta. Mas eu tinha um monte de fotos no meu telefone. O médico foi gentil, expliquei tudo para ele e a consulta durou em torno de 15 minutos. Segundo ele, o diagnóstico era dermatite. Ele disse que, por algum motivo desconhecido, era muito comum ocorrer em pessoas que viajavam de um lugar quente (Brasil) para um lugar frio (?). Ele me disse que eu não deveria me preocupar e então ele me receitou uma loção, Desonide – que acabou me custando uns 60 dólares extras. Ele também me disse que eu não deveria usar a tal loção por mais de duas semanas e que eu deveria voltar se minha pele não melhorasse – e então ele pediria um teste de alergia – algo que ele não considerou em primeira mão porque “você sabe, você vai ter que lidar com seu seguro de saúde, aquele coisa”; talvez agora vocês entendam quando eu digo que o sistema de saúde aqui não está focado em investigar a raiz dos problemas, certo?

Voltei para casa feliz e comecei a usar a loção imediatamente – e essas duas semanas foram as melhores semanas que minha pele teve desde que comecei a ter esses problemas. Mas, como vocês podem imaginar, tudo voltou a ser como era antes quando parei de usar o produto – e não era um produto para ser usado a longo prazo. Eu estava quase marcando outra visita ao dermatologista quando Thiago viu um tópico no Twitter e me mostrou – “parece que esse cara tem o mesmo problema que tu, olha isso”.

Descobrindo minha alergia a Methylisothiazolinone

O tópico no Twitter foi escrito por Will Hayward. Em muitos tweets, ele compartilhou sua jornada tentando descobrir o seu problema de pele – tudo o que ele viveu parecia exatamente com os problemas que eu estava tendo com minha pele. A diferença é que ele lidou com isso por 10 anos – 10 anos! Will acabou fazendo um teste de alergia e foi assim que descobriu que era alérgico a Methylisothiazolinone. Nestes tópicos, ele explicou que é um conservante usado em uma enorme variedade de produtos, incluindo sabonetes, géis de banho, xampus e protetores solares.

Aquilo definitivamente chamou minha atenção. Corri para o banheiro e chequei meu xampu, o Pantene Pro-V Sheer Volume. BINGO! A Methylisothiazolinone estava listada como um dos ingredientes. E então, tudo começou a fazer sentido. As piores crises que eu tive sempre começavam depois de lavar o cabelo. Eu tinha comprado aquele xampu depois de voltar do Brasil, e fui alternando com outro xampu que eu tinha – que não continha o conservante. Isso poderia explicar por que minha pele estava boa em alguns dias – nos dias em que lavava o cabelo com o outro xampu – e em outros dias era tão miserável – nos dias em que usava Pantene.

Eu sei que obviamente poderia ser apenas uma coincidência. Mas, é claro, comecei a me aprofundar. A Methylisothiazolinone é um produto químico usado em produtos para cuidados com a pele, produtos de limpeza domésticos e produtos industriais como conservante. É frequentemente usado em produtos de cuidados com a pele e cosméticos como xampu, tintura de cabelo, alvejante, protetor solar, lenços umedecidos, delineador, blush, pó facial, removedor de maquiagem, esmalte, produtos de depilação, sabonetes, sabonete e xampu, além de produtos domésticos como sabão em pó, sabão para lava-louças, amaciante de roupas, produtos de limpeza e muito mais. De acordo com um artigo do site do Centro de Pesquisa e Educação em Dermatologia Ocupacional:

“Methylisothiazolinone (MI) tem sido usada em uma variedade de produtos cosméticos e pessoais, incluindo lenços umedecidos descartáveis, xampus, condicionadores, sabonetes líquidos, hidratantes, protetores solares e desodorantes, bem como em tintas […] desde no início dos anos 2000. As doutoras Jennifer Cahill e Rosemary Nixon, dermatologistas do Skin Health Institute (anteriormente Skin and Cancer Foundation Inc), incluíram MI em sua série de testes de contato para alergias desde 2011, após relatos europeus de números crescentes de casos de Alergia de contato MI. ‘Nossa taxa atual de reações de teste positivas para MI até novembro de 2013 é de 11,3% (40 pacientes que tiveram reações relevantes de um total de 353), em comparação com uma taxa de 3,5% (15/428) em 2011 e 8,4% (38/454) em 2012’, escreveu o Dr. Cahill. O MI é agora a causa mais comum de dermatite de contato alérgica em nossa população de pacientes.”

Encontrei muitos artigos sobre Methylisothiazolinone e até sites listando produtos sem Methylisothiazolinone e, claro, parei de usar o shampoo imediatamente e decidi esperar para ver como minha pele reagiria. E eu achei que eu estava certa sobre o meu palpite, que eu era alérgica a Methylisothiazolinone. Depois de parar esse xampu, minha pele melhorou.

Mas eu contei vitória antes do tempo… não era a Methylisothiazolinone

Eu realmente acreditei que eu era alérgica à tal da Methylisothiazolinone; porém, depois de parar de usar o shampoo da Pantena e retirar os produtos com esse ingrediente da minha rotina, eu acabei tendo algumas crises aqui e ali. Eu sempre tentava lembrar se tinha usado algum produto diferente e checava os rótulos, e como eu acreditava piamente que era a Methylisothiazolinone, eu pesquisava na internet até encontrar qualquer fonte que sugerisse que o tal ingrediente estava na fórmula – mesmo que não estivesse no rótulo.

Sei que isso parece meio louco, mas é preciso levar em conta que já eram mais de 6 meses lidando com uma alergia que acabava com a minha auto-estima e a minha qualidade de vida – e para a qual o dermatologista que consultei não teve nenhuma resposta convincente. Era meio que um desespero para comprovar a minha teoria. Depois de ter mais uma crise durante uma viagem a Seattle – e, de novo, ficar no escuro a respeito do que estava realmente causando aquilo – eu marquei uma consulta com um médico alergista.

A consulta com o alergista

No final de julho, decidi consultar o Dr. Vahid Rahimian – e só estou colocando o nome dele porque realmente indico o trabalho dele. Eu já havia consultado com ele em 2019, por conta de um outro episódio alérgico que tive (nada relacionado ao problema de agora) e, como tinha gostado dele, resolvi voltar. A ideia dessa ida ao médico era fazer o allergy patch test, um teste para descobrir se a minha suspeita era verdadeira. Expliquei tudo pra ele – e falei sobre a Methylisothiazolinone, e fiquei surpresa quando ele disse que poderia não ser isso, necessariamente. De qualquer forma, eu deixei claro pra ele que queria muito fazer o teste, e, assim foi feito..

Uma semana depois, voltei lá. O allergy patch test consiste em colocar diversos adesivos nas suas costas e esses adesivos contêm substâncias sucetíveis a causar alergia. Além das substâncias normalmente utilizadas, ele também pediu que eu levasse produtos que eu uso no dia a dia, para ele também colocar uma amostra nas minhas costas. Aqui, confesso: eu deveria ter levado mais produtos.

Você precisa ficar com os adesivos nas costas por 48 h – e depois tem que ir até o consultório para o médico retirar os adesivos. Não dá pra lavar o cabelo nesse tempo, tampouco fazer exercícios físicos. Além disso, depois que o médico retirou os adesivos, ele pediu para eu monitorar a região por mais 48h, tirando fotos periodicamente – isso porque no caso de muitas substâncias, a reação alérgica pode acontecer dias depois.

O resultado do teste de alergia

Uma semana depois de ter colocado os adesivos – e 5 dias depois da retirada dos mesmos – eu voltei ao consultório para a avaliação dos resultados. Além de ser alérgica a níquel – o que não foi uma surpresa – os testes deram positivo para Cinnamal e também para Fragrance mix – que contém o Cinnamal e outras substâncias – mas nenhum dos produtos que eu levei tinha esse ingrediente – porém, lembram que eu falei que deveria ter levado mais produtos? Então…

O médico me deu uns papeis com informações sobre esses ingredientes e onde eles geralmente são encontrados. Só que não ficou muito claro pra mim que Cinnamal era algo tão comum, pois as informações diziam que se tratava de um composto usado para dar sabor em comida, em fragrâncias, em alguns produtos para pet e também produtos de higiene pessoal, como pasta de dente. Eu achei meio uó, fiquei confusa e digamos que… cética. E como ele tinha mencionado que poderíamos fazer exames de sangue, eu quis fazer.

Aí lá fui eu tirar sangue para mais de dez tipos de exames – uma das suspeitas do médico era que eu pudesse ter Skin Lupus (lupus de pele). No meio das minhas reflexões tentando descobrir algum padrão diferente na minha rotina, eu me dei conta que fazia meses que tinha parado de tomar Vitamina D – e, por minha conta, também fiz esse exame. Quando os resultados saíram, o médico me ligou e falou que tudo estava normal. Mencionei a Vitamina D – e ele disse que o meu problema não tinha a ver com isso. Nessa época, estava saindo para uma viagem de 10 dias – e confesso que fiquei com medo de ter um episódio de crise, mas foi tudo até que normal.

Até que, ao voltar de viagem, tive mais uns três episódios em menos de duas semanas. Eu estava exausta. Comecei a me questionar se era alguma coisa que eu estava comendo? Tentei encontrar padrões – duas das crises aconteceram no dia seguinte após eu ter saído para jantares e eventos. Seria o álcool? Aí, num desses dias, resolvi pegar os papeis que o médico me deu e tentar dar match com algum produto que eu tivesse usado naqueles dias. BINGO. O tal Cinnamal – e também os outros ingredientes do Fragrance Mix – estavam não só no meu perfume, mas na minha base – daí o lance de eu ter tido reações após eventos, óbvio: eu usava a base. Para a minha surpresa – e tristeza – o Cinnamal estava muito mais presente nos meus produtos do que a Methylisothiazolinone. O espírito FBI tomou conta de mim e fui, inclusive, checar o tal shampoo da Pantene. BINGO, tinha Cinnamal. Tudo começou a fazer sentido. Algumas coisas passaram batido – mas né, nada como uma reação alérgica pra fazer você checar um rótulo com mais cuidado. E, assim, pouco a pouco, eu me fui me livrando dos produtos com Cinnamal. E foram dezenas. DEZENAS. Vários produtos que eu amava, de marcas como Kerastase, Oribe, a prória base de Giorgio Armani Beauty…

Como está a minha vida hoje

Eu não posso comprar/testar nenhum produto de maquiagem, skincare ou cabelos sem checar o rótulo. De shampoo a base, de sabonete para as mãos a creme para o corpo – o Cinnamal é um composto usado para fragrância, por isso é amplamente utilizado em diversos produtos. Até em lip balm! Quando compartilhei este post pela primeira vez, em junho, recebi uma dica valiosa de uma seguidora e deixo aqui: o app Yuka. Você pode pesquisar produtos – ou fazer leitura pelo código de barras – e ele mostra os ingredientes pra você, já listando em primeiro lugar os ingredientes considerados mais “perigosos”. Fica muito mais fácil pra mim checar usando esse app do que ficar lendo as letras minúsculas da lista de ingredientes, correndo o risco de deixar passar algo.  PS: acredito que esse app só vai ser útil para quem mora nos EUA, já que o banco de dados é todo de produtos daqui.

Hoje em dia eu:

  • Tenho na bolsa o meu próprio sabonete de mãos;
  • Não compro produtos sem checar o rótulo;
  • Não viajo sem o meu shampoo e condicionador. Não posso arriscar usar o que está disponível – pois nem sempre tem rótulo.
Selfie tirada há umas duas semanas. Sem make. Apenas hidratante e protetor solar. Não poderia estar mais feliz!

Conclusão

Olhando pra trás, eu fico feliz de ter feito tudo o que fiz. Não me culpo pela minha teimosia tampouco pelo meu ceticismo – afinal, foram mais de 8 meses lidando com uma alergia depois de receber um diagnóstico medíocre de um dermatologista. Eu estava exausta, cansada, sem forças, sem esperanças. Sim, precisei ter mais algumas crises para enfim ligar para os resultados dos meus testes – e confesso que sim, doeu me livrar de muitos produtos que eu amava… mas honestamente, ter enfim descoberto o que estava me causando alergia e ver como a minha pele está de volta ao normal.. não tem preço. Gastei muito com consultas, exames, cremes e remédios – mas, pelo menos, cheguei a um diagnóstico final e estou muito feliz e de bem comigo mesma.


1 comentário

  1. Puxa Laura q chato , mto irritante ! Coincidência ler esse post agora , retorno dia 05/10 na dermato mas minhas manchas são fungos q minhas cachorras transmitiram pra mim ! Q vc n tenha mais problms com isso , abrço !

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