Blog da Laura Peruchi – Tudo sobre Nova York
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Sobre não ser de ferro…

Acredito que o que eu vou falar aqui hoje não é novidade para ninguém – e talvez muitos de vocês nem entendam o porquê deste texto. A verdade, é que há momentos na vida em que a gente precisa desabafar, então, o post de hoje nada mais é que um desabafo sincero. Afinal, compartilho tantas coisas aqui, não é verdade? Para algumas pessoas, exteriorizar sentimentos em palavras é uma boa válvula de escape – e alívio da tensão. Prazer, sou uma dessas pessoas. Na realidade, esta é a segunda tentativa de escrever este post – a primeira foi gentilmente censurada por uma amiga querida, que me alertou para a agressividade que não consegui disfarçar.

Não deve ser novidade para nenhum indivíduo no mundo que trabalhar com pessoas não é algo fácil. Acredito que seja algo com altos e baixos. Isso porque, ao mesmo tempo que te proporciona contatos com pessoas maravilhosas, cheias de energias positivas, também acaba trazendo o ônus de ter que lidar com alguns sujeitos, que, digamos assim, não são os seres humanos mais agradáveis. Tampouco seriam pessoas que fariam parte da sua vida – mas, novamente, por conta do seu trabalho, é preciso tolerar. O motivo pelo qual estou falando isso deve estar claro a esta altura, certo? Eu trabalho com pessoas: eu presto um serviço aqui, no YouTube, no grupo do Facebook, no Instagram que é para pessoas. Para pessoas que querem vir para Nova York, para pessoas que gostam de relatos da vida fora ou para pessoas que simplesmente curtem o que eu faço. Tenho interações maravilhosas: acreditem, saber que o meu trabalho ajuda numa viagem ou inspira a vida de alguém é maravilhoso. Um recado desses sempre muda o meu dia para melhor.

Entretanto – e infelizmente – não é segredo para ninguém a esta altura do campeonato, em que vivemos numa era digital,a internet se tornou reduto de muita gente mal amada e sem escrúpulos. Ainda bem que este tipo de pessoa não é maioria no meu dia a dia – mas, como seria inevitável, às vezes é preciso lidar com isso. Mesmo que seja em menor escala. Acho que já deu para perceber que, lamentavelmente, há pessoas que, por estarem protegidas por uma tela de computador e munidas de um teclado (ou tablet, ou smartphone), perdem os escrúpulos, o bom senso e a empatia com o outro. Antes de mais nada, é preciso deixar algo bem claro: crítica é uma coisa. Perder o respeito é outra coisa, totalmente diferente. Confesso que não sou uma pessoa que lida fácil com críticas – e posso até já ter transparecido isso em alguma ocasião, mas, sei que estou evoluindo e já melhorei muito, ainda bem. Até porque, não vale a pena a gente se estressar, não é mesmo? Aprendi que é necessário saber filtrar tudo que nos atinge.

Porém, nem sempre nossos filtros funcionam direitinho – e nem sempre estamos num dia bom. Afinal, por mais que muita gente possa acreditar que viver em Nova York é padecer no paraíso e se ver livre de problemas, esta não é a verdade. Como qualquer outro ser humano, eu sou de carne e osso, tenho sentimentos e sangue de verdade – não o de barata, que seria bem útil em algumas ocasiões de nossas vidas né? Voltando à questão das críticas, é bom lembrar que ninguém é obrigado a gostar de nada, tampouco a concordar com tudo. A maioria das sociedades no mundo se diz “livre”, o que nos dá margem para interpretar que cada um pode ter a sua opinião. Só que, ao meu ver, há uma premissa básica para tudo na vida: educação. Mas, infelizmente, esta não é a característica mais marcante dos comportamentos que a gente enxerga por aí na internet. O prazer de alguns é destilar veneno, frustração, recalque (este termo está em alta!) e despejar palavras baixas em comentários que se tornam verdadeiras ofensas. Nestas horas, pouco importa se existe uma pessoa de carne e osso do outro lado que vai ler aquele comentário. Aqui, cabe a pergunta: será que toda essa coragem iria se manter numa conversa cara a cara? Bom, eu duvido que muita gente diria ao vivo o que diz na internet.

Nos últimos tempos, parece que o fato de você se expor na internet carrega o fardo de ter que aguentar este tipo de comportamento de algumas pessoas que esqueceram o que é respeito. Aí, você é obrigada a ler comentários que entristecem, ofendem e até julgam a sua índole – “patricinha brasileira deslumbrada”. Parafraseando aquela personagem famosa de outra época: vem cá, te conheço? Por que as pessoas acham que podem julgar a vida de alguém assim? Mas se a minha consciência sabe da minha índole, por que fico chateada? Como eu disse anteriormente, porque não sou de ferro. Eu, você, o vizinho, o professor, o tio, o amigo: ninguém aprecia o fato de ser ofendido, ninguém. E não é porque estou desenvolvendo um trabalho que expõe mais que outros tipos de trabalho que eu tenho que aceitar isso na boa. Acreditem: fazer a polida, educada e respirar fundo não é fácil, muitas vezes. A gente vai tentando.

Eu sei que não dá para agradar todo mundo. Nem tenho essa pretenção, pois morreria sem alcançar este objetivo. Mas, vou dar um exemplo bem claro, que acontece quando eu falo da vida no exterior. Se você critica algo aqui, alguém levanta a bandeira para dizer que: nossa, você está reclamando, e o Brasil que está uma merda? Se você fala mal do Brasil: nossa, patricinha deslumbrada que cospe no prato que comeu. Quando o ódio não é gratuito, tem a falta de interpretação. Veja bem, tive que ler comentários que criticavam o fato de eu usar o pronome “tu”, que existe e é bem presente nos papos entre o pessoal do Sul. Ao mesmo tempo em que a pessoa exige formalidade de você na linguagem falada assim como na escrita, ela mesma não sabe concordar um verbo com um pronome em seu comentário escrito cheio de arrogância e ar de “eu sei de tudo”. Já diz o ditado que, quando você aponta o dedo para alguém, está apontando mais quatro na sua própria direção. Então, acho que não é demais pedir coerência e bom senso. Você não gostou? Mas por qual motivo? O que tem de bom para acrescentar? Às vezes, é melhor ficar calado.

Aliás, a necessidade de ter opinião sobre todas as coisas do mundo às vezes chega a um ponto inacreditável. Vou dar um exemplo. Outro dia, publiquei uma dica de um prato inusitado em Nova York: uma batata frita com cobertura de chocolate. Tive que ler comentários do tipo: “isso só pode ser piada” ou, pior “isso é um absurdo! Desde quando EUA tem tradição culinária?”. Aí eu te pergunto: mas gente, alguém está obrigando as pessoas a comerem a batatinha com chocolate? O silêncio pode ser uma dádiva. Ah, e o choro é livre.

Obrigada a todos os leitores bacanas por fazerem parte da minha vida!


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