Blog da Laura Peruchi – Tudo sobre Nova York
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New York Fashion week: convites, bastidores e uma análise

Vou ter que ser repetitiva e começar esse post com a legenda que usei para postar a minha foto no Instagram na sexta-feira passada, quando minha experiência na New York Fashion Week começou: se me falassem anos atrás que um dia eu estaria conferindo a NYFW de perto, acho que eu não acreditaria. Eu, blogueira e jornalista que nunca foi famosa no Brasil e nunca conseguiu um convite para a São Paulo Fashion Week, agora estava conferindo uma das mais importantes semanas de moda do mundo de perto. Hoje, uma semana depois – e com o evento oficialmente encerrado – há vários sentimentos e pensamentos que tomam conta da minha mente. Quando eu saí de casa sexta passada, com um frio de -11 graus, eu me questionei: será que devo fazer um vlog dos meus dias? Rapidamente, cheguei à conclusão que não. Afinal, o resultado seria um compilado de imagens de desfiles e acredito que isso não interessaria a vocês no geral. Na era das redes sociais, onde desfiles são transmitidos ao vivo pelo Instagram, Snapchat e outras plataformas, prefiro deixar a parte de análise de moda para os entendidos. Bastou eu conferir dois desfiles para um turbilhão de pensamentos dominar a minha mente. No fim do dia, já tinha uma ideia: depois do evento acabar, faria um post com as minhas impressões a respeito – mas não sobre tendências e looks legais, e sim sobre comportamento e como tudo funciona.

Vou começar pelo assunto que sei que gera muita curiosidade nas pessoas: os convites. A New York Fashion Week acontece duas vezes por ano – em fevereiro e em setembro, gera mais de U$2 milhões em atividade econômica para Nova York e atrai mais de 1 milhão de visitantes. Durante a semana, vários designers/marcas, incluindo nomes famosos como Calvin Klein, Michael Kors e Kate Spade, apresentam suas coleções. Uma coisa que é preciso saber é que cada desfile é um evento único (e acontecem em locações diferentes). Não existe um passe livre para a NYFW, existem os convites para cada desfile. Esses convites são disputados – quanto mais prestígio tem a marca, mais difícil é conseguir um convite ou mais importante você precisa ser para estar lá. O público dos desfiles pode ser definido em imprensa, blogueiros e compradores. As assessorias de imprensa das marcas são as responsáveis por selecionar os convidados. E, obviamente, como a organização de um desfile gera um investimento alto, a marca quer ter resultados à altura, ou seja, muita exposição na mídia. Ou seja, quem está lá tem que ter números, engajamento. E como muitas coisas na vida, tudo gira em torno de networking, contatos.  Se você tem um blog e quer conferir os desfiles, tem que correr atrás: descubra as assessorias de imprensa, apresente seu trabalho, faça contatos. Aqui nos Estados Unidos também existem muitas agências de influencers, que conectam os blogueiros com as marcas.

Ao todo, eu devo ter recebido uns 12 convites para desfiles e conseguir ir a 7 deles. Alguns eu recebi com bastante antecedência, outros só chegaram menos de uma semana antes do desfile. Conforme a lista de compromissos ia aumentando, aumentava também a minha felicidade. Como eu mencionei no início do post, é muito louco poder conferir de perto algo que antes você só via pelas redes sociais. Meu sentimento era de euforia, que se misturava à ansiedade. A New York Fashion Week traz para a cidade celebridades e blogueiras famosas do mundo todo, que contam com estilistas renomados enviando looks para esse pessoal todo vestir. Bem, eu não estou nesse patamar, não fui convidada para os desfiles mais famosos, mas é inegável a insegurança que tudo isso gerou em mim. O que vestir? Desde que me mudei para Nova York,  meu estilo mudou muito. Eu passei a apostar em peças mais funcionais, roupas que eu pudesse usar no dia a dia, que fossem versáteis e práticas. Meu closet inclui pouquíssimas peças que resultariam em looks “montados” ou super elaborados. Pesquisei algumas imagens na internet e fui anotando as minhas opções  de looks. Eu ia me virar com o que eu tinha. Mas e o medo de me sentir excluída?

No meu primeiro dia, não posso negar que fiquei feliz da vida com os comentários que recebi a respeito do meu casaco de pelo (fake, ok?) da Forever 21. Sabe quando você se apaixona por uma peça? Foi assim com esse casaco. E quando as pessoas começaram a falar tão bem dele, fiquei ainda mais confiante e com a certeza de que tinha feito um dos meus melhores investimentos. Aquela ansiedade que eu estava sentindo foi passando à medida que fui analisando todas as pessoas que chegavam para os desfiles. Percebi que, literalmente, você vê de tudo. E me senti bem. Minha auto-confiança foi aumentando à medida que eu observava as pessoas. Eu não queria vestir algo que não tinha a ver comigo. Eu via algumas meninas usando roupas muito “diferentonas”, com penteados, maquiagens super produzidas, gente de perna de fora num frio de -11, gente trocando de roupa na esquina do local do desfile, gente que parecia desconfortável com o que estava usando… Aí eu parei e pensei: a troco de quê? Qual o foco da NYFW? Os designers e as coleções apresentadas ou o público? Não se pode negar a influência do street style para a moda – há muitas meninas com estilos incríveis e looks incríveis, que trazem inspiração e ideias para o dia a dia. Mas eu vi produções que me pareceram ter sido pensadas com o único propósito de causar. Não quero julgar ninguém, mas acredito que ser fiel ao seu estilo traz muito mais personalidade e auto-confiança. Se cada um faz o que bem entender, eu decidi ser fiel ao meu estilo e vestir o que tinha a ver comigo e que me fizesse sentir bem. Nos desfiles seguintes, não saí com preocupacão excessiva nenhum dia. Tanto que não queria saber de passar frio nos trajetos entre estações de metrô (sim, vida real! hahaha) e locações e usei, sim, o meu casaco de inverno de capuz e nada fashion.

Agora, voltando ao evento em si, quando as luzes se apagavam, anunciando que o desfile estava prestes a começar, eu me lembrava como era incrível estar ali. Fiz fotos e fiz snaps, mas não deixei essa preocupação excessiva com as redes sociais atrapalhar a minha experiência. Eu não presenciei isso, mas tenho uma amiga que participa da Fashion Week há mais tempo e me contou sobre meninas que estavam mais preocupadas com a foto perfeita do que viver o momento…  Eu queria observar e perceber o que estava acontecendo à minha volta, ver cada look. Amei a modernidade dos looks de Hakkan Akkaya, fiquei apaixonada pelos vestidos maravilhosos de Leanne Marshall e Sherri Hill e ainda senti muito orgulho de ser brasileira ao conferir o desfile incrível de Layana Aguilar e a apresentação da Farm. Mas olha, é tudo muito rápido, sabem? Admiro todo o trabalho dos designers e das equipes que se desdobram para dar conta desses eventos que duram minutos…

Depois de muitos dias de correria, fico feliz por ter tido essa oportunidade tão única. É incrível o encantamento que a NYFW causa nas pessoas né? E por saber que tanta gente gostaria de ter essa chance, eu me sentia mais grata ainda. Realmente, nunca imaginei que um dia iria viver isso e fico mais feliz ainda por Nova York ter me surpreendido de mais um jeito. Foi maravilhoso fazer parte de um evento tão famoso, conferir desfiles, fazer contatos e, o mais importante: não deixar a auto-estima cair no meio de um lugar onde aparência conta muito…


2 Comentários

  1. Laura, adorei o texto. Queria muito muito ler um texto assim, parabéns por ter mantido seu estilo no meio disso tudo! ❤️

  2. Muito bom ver essa visão mais vida real 🙂
    Queria entender esse povo de perna de fora na neve! hehehe
    Da próxima faz o vlog sim, mas não dos desfiles, faz dos bastidores vida real. Desse jeito vida real que vc passou pra gente por texto. Amei!
    Ah! E o casaco de pele é lindo mesmo

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